Patrimônio em FIDCs supera, pela primeira vez, o de fundos de ações

Patrimônio em FIDCs supera, pela primeira vez, o de fundos de ações

O mercado financeiro brasileiro vivenciou uma mudança importante recentemente: pela primeira vez, o volume de patrimônio líquido (PL) dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) superou o dos fundos de ações. Essa virada reflete não só o atual cenário de juros altos (Selic elevada), mas também a busca de investidores por menor volatilidade e oportunidades de diversificação.

Nos últimos anos, os FIDCs vêm ganhando cada vez mais espaço por oferecerem alternativas de crédito privado com retornos que podem superar os tradicionais produtos de renda fixa. Para compreender melhor esse fenômeno, vamos explorar o que são FIDCs, os motivos de seu crescimento e as perspectivas para o futuro.


O que são FIDCs?

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios funcionam como uma forma de os investidores terem acesso a recebíveis de empresas ou instituições financeiras. Em outras palavras, um FIDC compra direitos de crédito (como duplicatas, cheques, contratos de aluguel, entre outros) e distribui os pagamentos aos cotistas do fundo, que recebem os rendimentos provenientes desses recebíveis.

Ao investir em um FIDC, o investidor está, na prática, financiando atividades de empresas que utilizam seus recebíveis como garantia para captar recursos. Isso pode trazer retornos atrativos, já que muitas dessas operações pagam juros acima de indicadores como o CDI.


Por que os FIDCs estão em alta?

  1. Juros elevados: Com a Selic em patamares altos, o apetite dos investidores por produtos de crédito privado aumentou. Os FIDCs podem oferecer spreads interessantes em relação à renda fixa tradicional.
  2. Menor volatilidade: Diferentemente dos fundos de ações, cuja cota varia diariamente conforme oscilações do mercado, os FIDCs são mais previsíveis, já que os rendimentos estão atrelados ao fluxo de recebimentos de dívidas. Essa característica agrada investidores que buscam menos risco no curto prazo.
  3. Diversificação de portfólio: Incluir créditos estruturados no portfólio é uma forma de diluir riscos. Investidores institucionais, bancos, family offices e até pessoas físicas (por meio de plataformas especializadas) têm olhado para os FIDCs como forma de reduzir exposição a ações ou a títulos públicos.
  4. Expansão das gestoras: Grandes gestoras de recursos passaram a oferecer FIDCs que antes eram acessíveis apenas a grandes instituições, ampliando o leque de opções para o investidor comum.

Perspectivas para o futuro

Enquanto a taxa básica de juros continuar elevada, é provável que os FIDCs sigam em evidência. Afinal, eles combinam boa previsibilidade de retorno e prêmios superiores a outros produtos conservadores. No entanto, se a economia retomar um ciclo de queda nos juros e a renda variável voltar a se valorizar de forma consistente, parte dos recursos pode migrar novamente para o mercado de ações.

Ainda assim, o crescimento recente dos FIDCs aponta para um amadurecimento estrutural do setor de crédito privado no Brasil. Cada vez mais investidores tomam ciência dos riscos e dos potenciais ganhos desse tipo de produto. Essa consolidação deve reforçar a importância dos FIDCs no portfólio de quem busca alternativas de investimento além das clássicas ações e títulos públicos.


A superação do patrimônio líquido dos fundos de ações pelos FIDCs marca um momento significativo no mercado brasileiro. Combinando taxas mais atrativas do que a renda fixa tradicional, menor volatilidade em relação à renda variável e amplo potencial de diversificação, esses fundos se apresentam como uma alternativa interessante, especialmente em ambientes de juros altos.

Para quem busca novas oportunidades de investimento, o conhecimento aprofundado dos FIDCs pode ser decisivo para aproveitar as melhores ofertas do mercado de crédito privado. No entanto, vale sempre reforçar a importância de avaliar a qualidade dos recebíveis do fundo, a experiência da gestora e o perfil de risco adequado antes de tomar a decisão de investir.

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